sexta-feira, 6 de março de 2015

1° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica


1° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica
Nome: Diego de Toledo Lima da Silva.
Cidade que representa: Limeira/SP.
Pseudônimo: Caminheiro da Mantiqueira.
Crônica: Viagem memorial.

VIAGEM MEMORIAL

A estrada era dos revolucionários e o caminho da imaginação. Cortando grandes matas tropicais, conflitos e guerras perpetuavam a memória, entristecendo a alma do andarilho. Vietnã era uma ferida aberta na história contemporânea, assim como a Revolução Constitucionalista de 32 era para a história local.
Os sons das botas e das marchas militares eram rotina em meio ao clima úmido daquelas matas, bem como tiros e explosões nas trincheiras de terra. Os tempos eram outros, mas vários dos erros os mesmos. O mundo e as nações continuam em conflitos internos e externos, além da calejada violência urbana.
Propagar a paz e o caminho do diálogo é uma obrigação, considerado alucinação por muitos. Loucura é viver nesse mundo em briga, destrutivo com suas máquinas, armas químicas e bombas.
Buscar a paz não apenas nas relações sociais, mas também com a natureza, seus elementos vivos e físicos, compreendendo a vida em plenitude. Espelhar-se na história, repetindo os bons exemplos e evitando antigos erros.
A partir da construção da paz interior, as mensagens serão multiplicadas para os viventes, ideais de amor, bondade e respeito às diferenças. O contato com a natureza e seu caminho leva às trincheiras da vida e do pensamento, saudações de paz ao próximo.
Hiroshima, Saigon, Palestina e Joanópolis, terras com cicatrizes de lutas passadas ou presentes, povo simples vivendo um dia após o outro. Na memória fatos de guerra, no coração o pedido de paz.

Naquela estrada, caminhantes apenas seguiam a marcha, longe do antigo limiar entre a vida e a morte. Persistiam em frente, construindo sentido e direção a cada passo, lutando consigo mesmo, vencendo os maus sentimentos e preconceitos internos.
Mesmo sendo a estrada dos revolucionários, tranquilidade e calma reinam em sua trilha, carregada de histórias, momentos e viagens memoriais. E no final da jornada, ao encontrar outro viajante, diria apenas: Siga em paz, sempre em paz meu camarada!

Pseudônimo: Caminheiro da Mantiqueira.


2° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica


2° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica
Nome: Geraldo Trombin.
Cidade que representa: Americana/SP.
Pseudônimo: Ana Crônica.
Crônica: “Achômetro”.

 "ACHÔMETRO"

         Tem gente que acha que está na profissão de fé do Vaticano ou nos braços escancaradamente abertos do Cristo Redentor. Tem gente que acha que está lá pertinho do céu: na nuvem que passa alheia ao tempo do relógio, no voo de um passarinho desatento à correria dos homens, no rastro de um Boing transportando destinos ou bem no topo da Torre Eiffel.
       Tem gente que acha que está nas tentadoras cartas de vinhos do Porto ou nas românticas, piegas e apaixonadas cartas de amor. Tem gente que acha que está na queimação da carne, na brasa dos brutos nas coxas das Anas do porto.
        Tem gente que acha que está no haimi dos hacais de Bashô, nos quatro versos com rimas ABAB e sentido completo das trovas de Luiz Otávio ou no grande universo de versos de Leminski, Quintana, Gullar ou Drummond. Tem gente que acha que está nas palavras do Museu da Língua Portuguesa, nas histórias Museu do Ipiranga ou nos vernissages do MASP. Tem gente que acha que está no olhar cândido de uma criança.            Tem gente que acha que está nas mãos seguras da maturidade ou nos pés experientes da melhor idade.
      Tem gente que acha que está no “Libertango” de Piazzola, no rock pauleira do Led Zeppelin e Black Sabbath ou na androginia do The New York Dolls. Tem gente que acha que passeia calmamente pelos teclados eruditos de Arthur Moreira Lima ou se agita nas loucas experimentações do albino Hermeto Paschoal. Tem gente que acha que está nas sete maravilhas do mundo. Tem gente que acha que está em Marte, Netuno, Saturno ou no mundo da lua (Salve, São Jorge!).
     Tem gente que acha que está no galho da roseira, na copa dos ipês ou nos tapetes florais sobre as calçadas do outono. Tem gente que acha que está nos bonecos de neve ou no trenó e no “ho-ho-ho” do Papai-Noel. Tem gente que acha que está nas graças do trabalho ou no balanço da rede do ócio. Tem gente que acha que está na corrente de ouro, no brinco de bijuteria ou em uma simples pulseira de plástico.
      Tem gente que acha que está no relax de cada estourinho do plástico-bolha, no estalar relaxante dos dedos ou no sabor de infância do bolinho de chuva da vovó. Tem gente que acha que está nas cinzas da ponta do cigarro, nas cinzas de um ente querido ou no sentido profundo da quarta-feira de cinzas.Tem gente que acha que está na paixão dos eternos namorados. Tem gente que acha que está na eterna sexta-feira da paixão.
     Tem gente que acha que está no rodopio deslizante do pião no chão das quimeras, nas deliciosas brincadeiras de garrafão, passa-anel ou esconde-esconde. Tem gente que acha que está no jogo: de cartas, dama, sinuca ou loteria.Tem gente que acha que está na bola de futebol chacoalhando a rede ou na bolinha de gude fubecando o adversário e caindo no buraco das vitórias.
     Tem gente que acha que está nos braços e abraços do grande amor da sua vida ou do verdadeiro amigo. Tem gente que acha que está no estender fraterno da mão ao irmão. Tem gente que acha que está no reflexo poético da lua na lagoa, no rio ou no mar. Tem gente que acha que está no brilho intocável das 3 Marias ou da Via Láctea.
     Tem gente que acha que está no assobio desavisado do papai ou da mamãe cuidando do dia a dia, no canto alertador do bem-te-vi protegendo o filhote ou no cântico fervoroso dos templos e igrejas.
     Tem gente que acha que está na simplicidade e na meditação do Caminho de Santiago de Compostela; nas missas, nos terços e santos comercializados em Aparecida do Norte ou na peregrinação pelas rampas e escadarias do Santuário de Santa Paulina em Nova Trento. Tem gente que acha que está nos balneários dos Circuito das Águas, nos passeios de moto pelas regiões montanhosas dando a cara para o vento bater ou no campo ordenhando vacas e galopando sonhos.
    Tem gente que acha um tantão de coisa, mas jamais se encontra, porque simplesmente não sabe que a bandeira branca sempre esteve hasteada dentro do próprio peito. Só que nunca abriu as portas da sua sala interior, muito menos se convidou para entrar, se sentar e ali ficar (horas e mais horas), prazerosa e atentamente, curtindo e dando ouvidos ao que Zizi Possi e Gil já entoaram tão maravilhosamente bem: a paz invadiu o meu coração...

Pseudônimo: Ana Crônica.

3° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica


3° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica
Nome: Denivaldo Piaia.
Cidade que representa: Campinas/SP.
Pseudônimo: Inéd.
Crônica: O dia em que Deus acordou inspirado.

 

O dia em que Deus acordou inspirado


            Houve sim um dia em que Deus acordou inspirado. Tudo bem que Deus está sempre inspirado; como seria se não fosse assim? Mas naquele dia foi diferente. Ele estava realmente muito inspirado. Sentiu uma vontade imensa de fazer algo novo, grandioso, sensacional. Até parecia que não havia sido assim o tempo todo. Mas Ele queria algo para não passar em branco pela terra, pelo universo, pelos homens. Afinal, estava num bom humor incontido. Discreto, mas incontido.
            Pensou numa grande obra, talvez numa montanha maravilhosa que pudesse ser vista por todos, com flores e árvores exuberantes, com uma simetria perfeita, de forma que nenhum gênio da pintura encontrasse qualquer defeito, por menor que fosse, mas... - Não... Certamente isso já foi feito em algum canto esquecido do tempo, antes de ser destruído pela expansão imobiliária.
            Quem sabe um mar quebrando calmamente numa ilha...   - Não, já fiz tanto disso por aí! – lembrou Ele.
            E um céu todinho azul, passando para o carmim lá no horizonte, enquanto o sol... – Besteira, isso acontece todos os dias e ninguém dá a menor atenção. –murmurou.
            Já sei! – animou-se. – Um ser humano perfeito, sem qualquer traço de egoísmo, sem... Peraí, pô! Isso eu to cansado de fazer! As pessoas já nascem todas, de certa forma, perfeitas, até mesmo aquelas que se julgam deficientes. A verdadeira imperfeição vem depois, e aí já não é comigo. Ainda bem que inventei o livre arbítrio pra ninguém reclamar.
            Achou graça da situação e deu uma sonora gargalhada, logo abafada por alvas mãos. Afinal, Deus não poderia sair gargalhando por aí. Já pensou como se sentiriam aqueles que acreditam num Deus severo e vingativo? Seria uma grande decepção para eles. Possivelmente até pensariam se tratar de um impostor. “Onde já se viu um Deus que ri e se diverte!” –exclamariam. “Não, não pode. Deus é perfeito”. Como se demonstrar felicidade fosse pecado. Talvez os artistas tenham a maior culpa por esse pensamento. Alguém aí já viu um santo, um Cristo ou até mesmo um Deus retratado com expressão alegre? Fica a impressão que todos eles apenas sofreram durante todos os seus dias, sem nenhum momento de alegria, de satisfação pela vida. Talvez seja por isso que muita gente tenha até certo medo de ser bom. Parece que para ser boa, a pessoa tem que sofrer, que é impossível ser bom sem sofrimento, sem dor, sem humilhação. Olhe para as expressões dos santos e veja se não é verdade.
            Mas voltando ao Deus inspirado, lá estava Ele pensando com seus botões, que não eram poucos naquele roupão alvo e longo. Sem conseguir se definir por algo que O contentasse, batia compassadamente com a régua sobre a escrivaninha, concentrando-se em pensamentos vagos, entrando num estado de semi cochilo profundamente agradável. Talvez reflexo do cansaço.
            Pouco tempo depois o cochilo de Deus virou um pesado sono. Roncando e babando sobre o braço, debruçado em sua escrivaninha, tirava o sono dos anjos. E com isso o mundo entrou em estado de graça. Por alguns instantes a natureza silenciou, os mares se acalmaram, tempestades deram pausa, vulcões, furacões, ciclones, tudo experimentou uma calma nunca vista. Só os homens, sua mais perfeita criação, não deram a menor importância ao momento, enquanto a vida celebrava a inspiração divina. E foi nesse clima celestial que Deus teve um sonho. Não um pesadelo, não um sonho desconexo, mas um sonho que respondeu aos seus anseios e, finalmente, num brado de alegria despertou.
            - Agora sim! Gritou enquanto enxugava a baba nas longas e largas mangas do roupão. – Finalmente encontrei a resposta! Agora sim vou fazer algo grandioso para ficar na primeira página de meu portifólio.
            Sem notar a natureza que voltava ao seu ritmo normal, empolgado pela inspiração que Lhe foi concedida em sonho, o Criador lançou mãos à obra imediatamente, dando o melhor de Si na sua mais nova e perfeita criação. E assim Deus começou, inspirada e lentamente, a elaborar cada um dos meus amigos.


Pseudônimo: Inéd.


4° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica


4° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica
Nome: João Amilcar Valle Aboud.
Cidade que representa: Brasília/DF.
Pseudônimo: Arturo.
Crônica: Meu filho voltou.


MEU FILHO VOLTOU

            A campainha tocou, abri a porta e vi o meu filho que voltou da prisão. Ele parecia ter voltado de uma guerra. Eu sei que é meu filho esse homem magro e triste, com olhos de velho, só por tê-lo visto nascer, crescer e se perder por ai. Abracei o seu corpo querendo abraçar a sua alma e me espetando nos seus ossos e na sua tristeza. Disse bem vindo pensando meu Deus.      
            Ele esperou que eu o liberasse do abraço e caminhou até o sofá da sala, ante o qual parou. Eu lhe disse que podia se sentar e ele se sentou lentamente, apoiando as costas, deixando as mãos sobre os joelhos e a cabeça baixa. Sentei na poltrona em frente, tentando expressar com o meu olhar a compreensão para com tudo o que ele tivesse para me dizer, como fazia quando ele era menino e chegava a casa com as roupas rasgadas ou um boletim com notas baixas.
            Alguns minutos gigantescos se passaram até ele começar a me contar o que acontecera enquanto esteve preso, entremeando enxurradas de palavras com silêncios repentinos. O que ele me relatou foi inaceitável, quase inacreditável. As suas certezas, as suas ilusões, a sua inocência, não voltaram com ele do presídio.
            Enquanto ele falava eu ia pensando na guerra que parece estar acontecendo lá fora, em como tantos jovens se armam, todos os dias, como se fossem para batalhas sem fim e saem das nossas casas para assaltarem ou venderem drogas para outros jovens não menos enganados, igualmente perdidos. Às vezes parece que cada dia é uma batalha com balas trocadas e perdidas entre a polícia e os bandidos, gente enganando aos outros e deixando a moral e a decência de lado. Mas não posso permitir que essa sensação de impotência e perdição me domine. Preciso resistir, por mim e por meu filho. A paz nas ruas depende da paz nos nossos íntimos. A guerra acaba quando a tiramos do coração.
            - Quantas vezes, pai, eu queria você lá comigo, nem que fosse só para passar a mão nos meus cabelos, dizer que daríamos um jeito, que estava tudo bem. Ai, eu fechava um pouquinho os olhos e imaginava como seria voltar para casa, abraçar você e contar o que tinha acontecido. Foi tão difícil pai, tão difícil. Mas eu consegui. Eu consegui. Eu estou aqui pai. E o seu abraço foi tão bom... Deus!
            - Sim filho, você conseguiu. Está aqui agora, na nossa casa. O seu quarto está como você o deixou, lhe esperando. Só arrumei e limpei um pouco. O que pretende fazer?
            - Fazer o que pai? Este mundo é assim mesmo. Não tem jeito, não tem outro modo de viver. Não tem trabalho, só riqueza para roubar e droga para vender. Eu queria que fosse diferente. Eu quero ser diferente pai. Me ajuda?
- Filho, o mundo não é, não foi, nem será mais do que terra, água e ar. Nós o fazemos melhor ou pior de se viver, nós escolhemos o que plantaremos e o que colheremos. Se existe uma guerra acontecendo lá fora é por termos deixado de acreditar na paz e na nossa capacidade de resolvermos os problemas com respeito e honestidade, estudando e trabalhando para ter as coisas. Eu vou lhe ajudar, é claro.
             Conversamos ainda por quase uma hora, até que ele se calou e começou a chorar. Eu me levantei, atravessei a sala como se os meus pés pesassem centenas de quilos, sentei ao seu lado, passei um braço por sobre os seus ombros e chorei também. Ficamos assim por um período inestimável.
            As lágrimas cessaram. Fui até a cozinha buscar café e biscoitos. Quando retornei o encontrei em pé, imóvel, diante da porta ainda aberta, os olhos fechados e os braços apertando o peito. Lá fora o caminho do longe. Ainda podia vê-lo passando pelo portal, me sorrindo e dizendo que voltava logo, para sumir por tanto tempo, cada dia um ano, cada noite um século, até retornar assim.
            Senti dor. Senti ódio. Senti medo. Fechei a porta rápido, com força, trancando-a e escorando-me a ela. Vi o meu filho que voltou da guerra. Outra vez ela não o levaria.
            No dia seguinte começamos a percorrer as escolas próximas, pedindo autorizações aos diretores e professores para conversarmos com os alunos sobre a importância de dizermos não à violência, aos roubos e às drogas. Eu falava da terrível saudade que sofri sem o meu filho e ele relatava os horrores que passara na prisão.
            Isso foi há um ano. Continuamos com as palestras nas escolas. Meu filho arranjou um emprego e está estudando a noite. Começou a namorar com uma colega de trabalho e estão falando em casamento e filhos. Quem diria, eu vovô?

Pseudônimo: Arturo.

5° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica


5° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica
Nome: Wellington de Sousa Oliveira.
Cidade que representa: Cabo Frio/RJ.
Pseudônimo: Daniel Davis.
Crônica: Na Parede.

NA PAREDE

            Não há nada de excitante, novo ou desafiador no trabalho de varrer ruas, manter o patrimônio público limpo. Para mim nunca houve durante todos os meus anos executando tal serviço.
            Naquela tarde quente eu ofegava enquanto varria a praça, mais precisamente atrás dos banheiros públicos. Eu estava estafada. Não era para menos. Eu, uma mulher na casa dos quarenta andando para baixo e para cima na cidade escaldante movimentando uma vassoura... Já não dava mais pra mim. Mas eu me mantinha firme.
            Eu tinha quase todo o trabalho terminado por ali quando as frases escritas com canetinha na parede branca dos fundos do banheiro roubaram a minha atenção.
            A frase escrita em azul dizia “Mulheres são o umbigo do mundo” e logo abaixo a outra frase com escrita em rosa e com grafia diferente dizia “E aposto que você não tem nenhum umbigo”.
            Eu ri baixo e continuei varrendo com essa mulher morena e muito alta se aproximou e cruzando os braços se apoiou contra a parede.
            “Precisa de alguma informação, dona?” eu questionei.
            “Não preciso de nada. Só da espera. Vou ficar esperando aqui até que a atual esposa do meu ex-marido passe e vou dar uns tiros na cara dela’.
            Eu engasguei, paralisei com aquilo que eu ouvi. Pelo resto do dia as minhas duas mais importantes decisões foram ficar longe da mulher que agora me assustava e não tentar apagar as frases que vandalizavam a externa parede branca do banheiro... Porque me faziam rir.
            Na tarde seguinte eu me aproximei curiosa da mesma parede para descobrir que a troca de frases havia prosseguido. A nova frase em azul dizia “E são essas atitudes que mostram que eu estou certo” e a frase abaixo em rosa dizia “Boa sorte pra você sendo solteiro pro resto da vida ao se comportar assim”.
            A mulher alta e misteriosa retornou também. Eu não pude me conter. Eu me aproximei com perguntas então e ela não teve problemas em responder. Ela disse que era apenas uma possibilidade que a esposa do seu ex-marido passasse ali pela praça em alguma tarde e quando acontecesse ela recolheria a arma em sua bolsa e executaria seu plano.
            Eu estava apavorada e de repente não era só por saber dos planos horríveis da mulher. Era também a discussão que crescia em escrita na parede, era a violência do mundo ao meu redor em geral. Eu já estava esgotada de todo esse mal, mas o que eu podia fazer? Era um oceano de gente promovendo briga e eu era uma gota nesse infinito querendo a paz... Então eu rezava. Eu esperava e solitariamente tentava manifestar o melhor.
            Aquela mulher passou a esperar sua rival ali na praça todos os dias sem exceção, por vários dias. As frases escritas na parede, aquele diálogo entre dois estranhos ia aumentando.
            “Você me tira do sério, garoto! Tão, tão ridículo!” estava escrito em rosa.
            “Por que não prova de uma vez que estou errado?” estava escrito em azul.
            Naquela tarde de sexta-feira eu avistei a bonita jovem baixinha se aproximando da parede do banheiro. Ela tirou a tampa da canetinha cor de rosa. Segundos depois, antes que ela pudesse começar a escrever, o jovem loiro veio na outra direção tirando a tampa da canetinha azul em sua mão. Eles estavam um ao lado do outro em frente à parede. Assustados se olharam. A mulher alta com a arma dentro de sua bolsa já estava ali e assim como eu observava.
            Os jovens encararam suas frases, encararam o sorriso um no outro que agora se desenhava... E se beijaram, se abraçaram.
            Mas o que eu via agora? Lá vinha a mulher loira com vestido curto de seda e colar de pérolas. Era a rival da mulher alta.
            O chão sumiu debaixo dos meus pés. A mulher alta já tinha a avistado também. Eu sabia que ela tiraria a arma da bolsa e atiraria naquele instante como havia prometido. Seria agora, agora!
            Mas a mulher foi embora com sua arma. Partiu na direção oposta da sua rival. Ela sorria. Sorria porque ao se afastar ainda olhava algumas vezes para trás e espiava o jovem casal que se beijava.
            Eu finalmente liberei o ar preso no meu peito apreensivo e não parava de pensar. Eu era só uma gotinha que queria a paz, mas os jovens também se tornaram duas gotinhas da paz e ainda conseguiram transformar a mulher com sua arma em uma gotinha da paz.  Agora éramos quatro gotinhas querendo paz em meio ao oceano cheio de ira. Parece pouco?
            Não pra mim que antes achava que era apenas eu.

Pseudônimo: Daniel Davis.



quarta-feira, 4 de março de 2015

6° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica



6° lugar no Prêmio Radiotelegrafista Amaro Pereira de Crônica
Nome: Luiz Alberto dos Santos.
Cidade que representa: Coruripe/AL.
Pseudônimo: eleaesse.
Crônica: kisuco e kaviar.
                                      


kisuco e kaviar


            Início de 1.970. A escuridão e o absoluto silêncio tomavam conta da, ainda virgem, floresta amazônica. Nunca se vira, em toda a existência desta floresta, tamanho breu. Tão fúnebre silêncio. Apesar do céu limpíssimo, nenhuma estrela. Era noite de lua, mas, onde estaria a lua?  Uma limpíssima noite e... sem lua ou estrelas. Cadê os bichinhos da noite? Nem as corujas, nem os vagalumes, nem os sapos cururus... Nem as cachoeiras, nem os rios e igarapés. Nem uma folha, entre milhões, balançava. Era sábado! Dia de festa na floresta!... Porque todo aquele e tenebroso silêncio!?... Porque aquele noturno céu, de cor tão, tão, estranha, pesada?...
Sim, a grande floresta estava quieta, cansada. Desgostosa e depressiva. Por volta das cinco da tarde, antes da noite chegar de fato, a virgem floresta bem que fizera grande algazarra. Uma senhora manifestação!  A grande floresta se mexeu, sim senhor. O sopro do grande vento, agitando cada árvore; o redemoinho nervoso nos rios e igarapés; o agudo tororó das grandes cachoeiras; o estardalhaço nos bicos das mil aves; os urros medonhos dos mamíferos; o deslizar e o assovio nervoso das grandes e pequenas serpentes e os olhares imensamente inocentes de todos os filhotes. Oh, mas não era o tipo de  manifestação em que se espera colher bons resultados. Agrande floresta já sabia que, infelizmente era causa perdida, inrreversível. Mesmo assim... Quem sabe, um milagre... Arrepiante, ver os feixes de luzes violetas, na correria dos espíritos dos grandes caciques, saídos das malocas e tabas, sagradas e eternas, para virem, também eles, defender a floresta. Sua floresta.
Porém... Nada! Nada adiantou. A força e a decisão, o destino, estavam já escritos e  sacramentados, num rico palácio em Brasília. E hoje, este palácio estava em festa. Com a poderosa rede-povo mostrando ao vivo, em horário nobre.
 Oito da noite. Cansada. Uma floresta inteira, a maior do planeta, totalmente parada, estagnada. À mercê duma festa. Numa cidade cujo nome era Brasília. Brasília, porra,  ainda uma simples adolescente e designando o destino de centenas de vidas, flora e fauna. Uma adolescente, porra, de vestidinho curto, buçanguinha ainda sem pelos, e toda maquiada, bêbada e bancando o festão.
Sim, festa esta, ansiosamente aguardada pelos plebeus do país. Pobres corpos destituídos de quase tudo. Mal instruídos, mal alimentados... Desgovernados. Plebeus em corpos de plebeus... Mal aguardando chegar o final da novela das oito para, definitivamente, grudar os glóbulos dos olhos no vidro da TV. De nada adiantou a grandiosa manifestação no seio da maior flora e fauna do mundo. Os glóbulos dos olhos, profundamente grudados na tela hipnótica, deixam cegos e surdos, os plebeus. Danem-se, porra de onça, macaco, rios e árvores. Dane-se o vento, que nasce lá e chega tão fresquinho na cidade, assoprando com carinho seus calorentos barracos. O importante era a festa. E ela já ia começar. Tava na hora da pipoca e do kisuco de groselha. Alguns nem isso tinham; contentavam-se com um pedaço de pão seco e uma dose de cachaça. Mas, quem se importa com pão seco e kisuco de groselha, quando do outro lado da TV existe uma festa com whisk e caviar, e tanto fidalgo(a) bonito pra se ver, invejar?!...
Haja índio, onça, macaco, rio e árvore, para um plebeu desgrudar os glóbulos. Para pelo menos raciocinar, talvez até chamar atenção dos outros plebeus. E haja cachaça, mortadela e kisuco.
E pior é que estes plebeus nem podem voltar no tempo ― como o Super-Homem fez no filme.
            Apolônio Helmam Brasil, embasbacado, caminhava. Caminhava no meio duma multidão. Uma multidão de fardas, ternos e pomposos vestidos. Uma multidão de fidalgos fardados ou não. Talvez fosse apenas uma impressão, mas juraria que aqueles fidalgos caminhavam nas pontas dos pés e mantinham os queixos estranhamente levantados, empinados. Que olhares frios, cínicos! Nossa!... Que pessoas estranhas!... Pareciam seres de outro mundo, desembarcados numa grande festa, realizada num planeta inferior,  cujo nome era Brasília. Ah,  talvez fosse só impressão de Apolônio.
Caminhava agora junto ao homem de terno, que não se afastava um metro dele. Inclusive  Apolônio, por duas vezes alertou a esse homem que ele precisava buscar seu maço de cigarros, deixado no bolso da sua roupa, quando exigiram que ele a trocasse pelo macacão verde-amarelo e o capacete branco. Foi lhe comunicado que não ficava bem ele fumar logo ali, no meio de tanta gente importante. Apolônio olhou em volta e viu dezenas de mãos segurando charutos, cigarrilhas, cigarros e dois estrangeiros tragando cachimbos. Olhou espantado para o homem de terno, que meteu a mão no bolso.
―Tome!... Tome um dos meus.  Mas vá fumar no banheiro!...
O homem de terno, bem cedo chagara na casa de Apolônio, intimando que ele o acompanhasse urgente à Brasília, que a empresa tinha uma tarefa especialíssima. Afinal Apolônio  o melhor operador de máquina da grande empresa.
Que festa. Bem em cima do majestoso palanque, uma solitária corneta, que trazia pendurada uma bandeirola do Brasil, começou a soar. Aos poucos foi se fazendo silêncio e a corneta tornou-se ainda mais solitária. Toque do silêncio, toque de recolher, toque da alvorada... Toques.
No banheiro, Apolônio, na metade da mijada e do cigarro, ouvia a corneta. Ouviu
também a já familiar voz do seu implacável seguidor de terno e óculos escuros.
―Senhor Apolônio, olhe pra mim e preste bem atenção: assim que a corneta parar, o senhor vai encaminhar-se até sua máquina que está estacionada no meio do gramado. Preste bem atenção, pra não ter errada. O senhor vai caminhar até a máquina. Caminhe marchando, igual no sete de setembro, com os passos bem fortes.  Suba bem devagar na máquina e, antes de entrar na cabine, vire-se e acene na direção do palanque das autoridades, depois ligue o motor. É pra ligar e acelerar com vontade! É pra todo mundo ouvir!... Ah, sorria sempre. Nada de cara feia! Sorria sempre. Não repare pros aplausos, nem no foguetório. Acelere, acelere a máquina e derrube sem pena o pé de castanheira que está bem na frente da máquina. É pra botar a bicha abaixo com vontade!... Vou repetir: acelere fundo, atropele e passe por cima da árvore, e sorria sempre!... O senhor tem dentes bonitos, pode abusar. Vê se não esquece: quando a castanheira tiver deitada, é para passar por cima com vontade!... Depois o senhor pode descer da máquina. Desça e acene de novo para o palanque. Não esqueça: sempre sorrindo. Sempre sorrindo!...
Apolônio pediu mais um cigarro e sentiu vontade de urinar, de novo. Saiu do enfumaçado banheiro e um suor gelado começou a escorrer na sua coluna vertebral. A lona de plástico verde–amarelo estava sendo retirada da sua máquina. Primeiro ficou espantado, depois achou ridículo, sua tão confiável máquina de trabalho, toda enfeitada com balões multicoloridos e mil bandeirolas. Dezenas de adesivos de empresas, bancos, lojas e até duma emissora de TV. Também os símbolos dos Três Poderes. Ah, sua valente máquina mais parecia um pavão enfeitado. Pra quê, pelo amor de Deus, aqueles dois fuzileiros navais, prostrados ao lado de sua brava máquina, armados até os dentes e com pesadas mochilas nas costas?!... Para quem, pelo amor de Deus, os dois davam a sisuda continência?!...
            A corneta parou de repente e Apolônio pensou que era a hora. Chegou a marchar três passos, mas foi contido pela sombra de terno escuro. Ainda não era a hora. A banda da marinha iniciou a execução do hino nacional e os que estavam no palanque, inclusive os de trajes civis, bateram continência. Pouco a pouco as centenas de convidados espalhados pelo vasto gramado, iam aderindo à seriíssima continência. Bastava que olhasse para o outro, que já estava na típica posição militar, para imediatamente, ele também levar a esticada mão até a testa: sisuda continência. Daí a alguns minutos todos estavam voltados para o imponente palanque, numa absurda e generalizada continência. A década era de 70. E os anos, de chumbosas continências. Ah, quantas e quantas mãos, batidas em tantas testas de ferro. Ou de chumbo.
            Ao término do Hino, observou-se um minuto de profundo silêncio e a seguir ouviu-se uma poderosa voz saída das caixas de som:
            “ ―Atenção, atenção senhoras e senhores. Com a palavra o senhor excelentíssimo Presidente da República, General...”
            O General Presidente falou cinqüenta e seis minutos. Depois foi a vez ministro de gabinete, também general, que só falou quarenta e cinco minutos, passando a vez para o general ministro dos transportes, que falou um pouquinho mais, dando o lugar para o general, ministro das forças armadas, que depois passou para o general...
            Incrível, fantástico... extraordinário!... Duas horas e pouco de intensa falação, general-izada e as centenas de fidalgos ali em pé, com as mãos em riste, na testa.  Porra, será que nem câimbra sentiam? Por pouco Duque de Caxias, outro General, não arrebenta sua catacumba e vem participar daquela delícia.
            E a corneta recomeçou seu soar melancólico. De repente começou e de repente parou.
             ―É agora, Senhor Apolônio!... Não esqueça o que lhe falei!... Se mexa, homem!...
            E Apolônio marchava ao encontro da sua enfeitada máquina. Segurava com força o cano de ferro que empunhava a grande bandeira do Brasil. Os pés pareciam duas bolas de chumbo e as atléticas pernas, tão acostumadas a duros pedais de freios e embreagens, agora tremiam e tremiam. Quanto mais marchava, mais longe parecia ficar a bendita máquina.
            Enfim, conseguiu sentar no banco da cabine. Os refletores e flashes de dezenas de fotos o cegavam. Custou a achar o tão familiar botão vermelho que ligava a máquina. Não podia deixar de sorrir. “–Sorria sempre!...” E pensar que tudo isso tava sendo transmitido ao vivo... O que, neste momento, estariam comentando, sua esposa e filho!?... E os vizinhos!?... E os colegas de trabalho!?... Acelerou.
            Acelerou com raiva como se quisesse estrangular o poderoso motor. Jorros de fumaça negra fugiam pelo cano de escape. Engrenou a marcha e partiu pra cima da secular árvore. O silêncio de todos, cortado apenas pelo ronco do motor, permitiu ouvir-se nitidamente a pancada seca e a seguir o estalo e o sinistro som do baque da secular árvore de encontro ao solo. Por um segundo Apolônio julgou ver aquela árvore sorrindo para ele. Nunca soube decifrar aquele sorriso. Por toda sua vida, Apolônio passou tentando entender que  diabo de sorriso fora aquele. Jamais conseguiu.
            Imenso. Grandioso. Quase vinte minutos e o foguetório não terminava. Estrondoso. Aplausos, gritaria, tiros pro alto... Apolônio mal saltou da máquina e já foi seguro num braço pelo seu implacável seguidor de terno e óculos escuros. Devido ao barulho quase não ouviu: “―Tome um cigarro! Mas vá fumar no banheiro!...

                                                EM VÁRIAS PRAÇAS DO MUNDO
                                   MÃES CHORAM DESENGANADAS
                                   FILHOS MORTOS OU TORTURADOS
                                   BANDEIRAS CONTRA ARMADAS

                                   EM VÁRIAS PRAÇAS DO MUNDO
                                   MÃES CHORAM DESESPERADAS
                                   FILHOS PRESOS E VICIADOS
                                   ELITES E FAVELADOS

                                   QUAL SERÁ A PRAÇA DO MUNDO
                                   QUE ABRIGARÁ TODAS AS MÃES
                                   MÃES DOS RIOS E DOS PEIXES
                                   DA ONÇA E DO MACACO
                                   MÃES DE TODA A PASSARADA
                       
                                   QUE PRAÇA ABRIGARÁ AS MÃES
                                   DA FLORESTA ANIQUILADA?...

            Não. Nunca, nem ninguém soube direito o que aconteceu. Plebeu nasce e morre plebeu. Por isso juram que não sabem o que houve em suas TVs, naquele sábado à noite, precisamente no início da transmissão da grandiosa festa. Os pedaços de pão seco e os pacotinhos de kisuco, sabor groselha, já estavam em cima das velhas, tortas e desforradas mesas, carcomidas pelos cupins. As garrafas de cachaça vagabunda foram retiradas de baixo dos tanques de lavar molambo, assustando as ratazanas que lá fazem morada. A mortadela ficou fiado e o dono do armazém atendeu de mal vontade, dizendo que só podia ceder meio quilo.
            Mas, que interessava isso?!... O importante, para a rude plebe, era a transmissão da grande festa em Brasília, que já ia começar. “Cada roupa, cada sapato, pra gente ver!...” “E os cordão de ouro?! E os brinco?!” “Ah, se meu filho fosse das Forças Armadas...”
             O que aconteceu? Ah, sim, quando a TV mostrou a primeira imagem do festão, todos, todos os televisores do país perderam a freqüência e as imagens sumiram. Em todas TVs do país! Até aí, os plebes perceberam. Só não ouviram  foi o grande estrondo do trovão e a inconfundível voz de Gilberto Gil, soando dos autos falantes das TVs sem imagem. E era Gil, quem cantava em alto e bom tom: “Vai começar circular o expresso, dois, dois, dois, dois; que parte direto de Bonsucesso, pra depois...”
            Não. Isso ninguém viu nem ouviu. Talvez por ter durando só dois ou três minutos. Tempo absolutamente curto, para os olhos e ouvidos da plebe. Então, logo tudo voltou ao normal. As imagens retornaram. Até mais nítidas.
A plebe é rude. Não, não se pode, nem se deve culpá-los, crucificá-los. Seria covardia. Mas não tem como passar despercebido. Plebe rude de olhos e de ouvidos, incrivelmente rude de cabeça. Talvez o pão seco e o kisuco, impeçam que acordem, raciocinem. Sim, o consumo diário destes famigerados produtos, causam irreversíveis danos aos seus cérebros. Mantém, porém, a notável capacidade de, quase todos os dias, retirarem os glóbulos dos olhos e grudá-los no vidro da TV. Os adesivos usados como grude atendem por diferentes nomes: futebol, carnaval, novela e festa de rico. Em épocas de Copa do Mundo, o grude tem o prazo de validade adulterado, para que possa valer os trinta dias do mês. Geralmente acontece em junho.
            Existem perguntas, cujas respostas sofrem a gravíssima ameaça de ficarem, anos e anos, retidas na estratosfera terrestre. Ou, o que é pior: perderem-se para sempre nos confins do universo. Não!... Não são perguntas de respostas difíceis. Não são perguntas de respostas impossíveis. O difícil, quase impossível, é manter essas respostas presas entre os dedos, ou, bem seguras na palma da mão. Difícil mantê-las pelo menos ao alcance dos glóbulos dos olhos desses quase inocentes plebeus.
Como, como achar resposta para uma floresta ―a maior do planeta― totalmente a mercê de vorazes criaturas, com seus sorrisos de hiena, numa festa grandiosa?!... Todas vestidas com fardas de gala e ternos importados.
 Como, como responder a espantosa passividade dos plebeus, batendo palmas e exibindo seus banguelas sorrisos, enquanto mãos de película extraem sua última máscara de oxigênio?!...
Como, como achar resposta para tanto whisk e caviar para tão poucos e tão pouco kisuco e pão seco para tantos?!...
Afinal, de que será feito o poderoso grude que cola olhos e vergonhas em simples retângulos de TV?!...
Que poder mágico existirá nos estômagos desses plebeus, para suportarem tanto, tanto pão seco com kisuco de groselha?!... Ano após ano!
Onde, onde será o fim do cosmos?!...
Haverá uma vela no fim do Buraco Negro?!...
Não, nem Apolônio, um simples operador de máquina, sabe como responder.
Sim. Apolônio apenas sabia que rinha que derrubar uma árvore, que estava impedindo o início da “ Obra do Século”.
FIM!
                                                  
(Pseudônimo: eleaesse)


segunda-feira, 2 de março de 2015

DADOS DOS PRÊMIO!



*SEGUE ABAIXO A RELAÇÃO NOMINAL DE TODOS OS INSCRITOS NO PRÊMIO RADIOTELEGRAFISTA  AMARO PEREIRA DE CRÔNICA:

1-Diego de Toledo Lima da Silva.
Crônica: Viagem memorial.
Cidade: Limeira/SP.

2-Geraldo Trombin.
Crônica: “Achômetro”. (Geraldo Trombin)
Cidade: Americana/SP.

3-Denivaldo Piaia.
Crônica: O dia em que Deus acordou inspirado.
Cidade: Campinas/SP.

4-João Amilcar Valle Aboud.
Crônica: Meu filho voltou.
Cidade: Brasília/DF.

5-Wellington de Souza.
Crônica: Na Parede.
Cidade: Cabo Frio/RJ.

6-Luiz Alberto dos Santos.
Crônica: Kisuco e Kaviar.  (Luiz Alberto dos Santos)
Cidade: Coruripe/AL.

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7-Átila Rúa.
Crônica: O Eremita.
Cidade: Brasília/DF.

8-Bem Oliveira.
Crônica: Minutos de Paz.
Cidade: Campo Grande/MS.

9-Carlos Brunno Silva Barbosa.
Crônica: Mensagem de uma palavra que não lembro mais.
Cidade: Valença/RJ.

10-Carlos Gastão Tassano Neto.
Crônica: Passo a passo.
Cidade: Rio de Janeiro/RJ.

11-Edileuza Bezerra de Lima Longo.
Crônica: Brigas de fulanos contra sicranos e beltranos.
Cidade: São Paulo/SP.

12-Francisco Manuel Grácio Gonçalves.
Crônica: Paz Real & Paz Profunda (a vida é assim...)
Cidade: Odivelas – Portugal.

13-João Victor Vitoriano Firmo.
Crônica: A paz que eu preciso.
Cidade: Diadema/SP.

14-Minara Kelly Muniz Rodrigues Torrês.
Crônica: Das Artes, a paz é um pincel.
Cidade: São Luiz/MA.

15-Nathan Sousa.
Crônica: Nova Pauta.
Cidade: São Gonçalo do Piauí/PI.

16-Rafael Alvarenga Gomes.
Crônica: Lençol branco.
Cidade: Itatiaia/RJ.

17-Raphael Carmesin.
Crônica: Paz a tira gosto?
Cidade: Belém/PA.

18-Roque Aloísio.
Crônica: Pazes.
Cidade: Santa Rosa/RS.

19-Ubirajara Vieira.
Crônica: Idoso um empecilho para o andamento da fila.
Cidade: Tremembé/SP.

20-Yuri Dinalli.
Crônica: Vermelho é a cor da paz.
Cidade: São Paulo/SP.

21-Ryan Carvalho.
Crônica: Liberdade?
Cidade: Araruama/RJ.

22-Arthur Costa.
Crônica: A paz, uma conquista.
Cidade: Araruama/RJ.

23-Rebeka de Souza.
Crônica: Por que há miséria e desigualdade social?
Cidade: Araruama/RJ.

24-Hyago Quintes.
Crônica: Reflexão para uma vida melhor.
Cidade: Araruama/RJ.

25-Daniel Affonso.
Crônica: Paz Humana.
Cidade: Araruama/RJ.

26-Ana Marye Oliveira.
Crônica: Guerra e Paz.
Cidade: Araruama/RJ.

27-Thiago Viana de Carvalho.
Crônica: Armas.
Cidade: Araruama/RJ.

28-José Agostinho.
Crônica: Morte Palestina.
Cidade: Araruama/RJ.

29-Samantha dos Santos  Ribeiro.
Crônica: Atirar, fogo!
Cidade: Araruama/RJ.

30-Vinicius Talmas.
Crônica: A criança palestina.
Cidade: Araruama/RJ.

31-Matheus Araujo.
Crônica: A raça negra.
Cidade: Araruama/RJ.

32-Gustavo Costa.
Crônica: Paz na favela.
Cidade: Araruama/RJ.

33-Laura Pereira.
Crônica: O que todos querem.
Cidade: Araruama/RJ.

34-Jéssica Duhou.
Crônica: Crianças gerando crianças.
Cidade: Araruama/RJ.

35-João Vitor.
Crônica: A Pobreza.
Cidade: Araruama/RJ.

36-Ronan Carvalho.
Crônica: A Paz entre as nações.
Cidade: Araruama/RJ.

37-Daniel Sharon.
Crônica: A sociedade brasileira.
Cidade: Araruama/RJ.

38-Yasmin de Alb.
Crônica: A paz nas favelas.
Cidade: Araruama/RJ.

39-Stephani Flores.
Crônica: Jovens mães.
Cidade: Araruama/RJ.

40-Larissa dos Santos S. Kloss.
Crônica: Lição de vida.
Cidade: Araruama/RJ.

41-Caio Vieira.
Crônica: Já chega de guerra.
Cidade: Araruama/RJ.

42-Ian Leonardo.
Crônica: Será que sabemos.
Cidade: Araruama/RJ.

43-Jovano Mareluz.
Crônica: Paz...? É tudo ponto de vista.
Cidade: Araruama/RJ.

44-Alvaro Duarte.
Crônica: Trabalho.
Cidade: Araruama/RJ.

45-Arthur Dias Martins.
Crônica: Árvores estranhas.
Cidade: Araruama/RJ.

46-Aldryn Moreira Rodrigues da Costa.
Crônica: Desavenças escolares.
Cidade: Araruama/RJ.

47-Jaiany Ribeiro da Luz Ferreira.
Crônica: Guerra e paz.
Cidade: Araruama/RJ.

48-Gabriel Mastra.
Crônica: Ninguém está liberto.
Cidade: Araruama/RJ.

49-Amós Vieira.
Crônica: Guerra e sonho.
Cidade: Araruama/RJ.

50-Leandro.
Crônica: Dia de serviço.
Cidade: Araruama/RJ.

51-Mayara Perinei.
Crônica: A esperança de uma futura paz.
Cidade: Araruama/RJ.

52-Yan da Costa Pinto.
Crônica: Uma bala em troca de outra.
Cidade: Araruama/RJ.

53-Igor Vieira Barboza de Oliveira.
Crônica: Guerra sangrenta.
Cidade: Araruama/RJ.

54-Georgia Fradico Teixeira.
Crônica: Todos unidos pela Paz.
Cidade: Araruama/RJ.

55-Katarina Salto.
Crônica: O mundo com a paz.
Cidade: Araruama/RJ.

56-Mateus Marinho Alcantara.
Crônica: Só vibrando amor e paz.
Cidade: Araruama/RJ.

57-John Emerson Sá de Macedo.
Crônica: Paz no mundo.
Cidade: Araruama/RJ.

58-Paulo V. de Souza Gomes Luis.
Crônica: Imagina!
Cidade: Araruama/RJ.

59-Pedro Eduardo França Campos.
Crônica: Reservem um tempo para a paz.
Cidade: Araruama/RJ.

60-Erick F. Duarte.
Crônica: A mensagem de Paz.
Cidade: Araruama/RJ.

61-Airton Sousa.
Crônica: Cartas de amor e revolução.
Cidade: Marabá/PA.

62-André Luís Soares.
Crônica: A Paz possível.
Cidade: Guarapari/ES.

63-André Mascarenhas.
Crônica: Sobre os seres e o tempo.
Cidade: Sorocaba/SP.

64-Bruna Cunha.
Crônica: Meu maior sonho.
Cidade: Belo Horizonte/MG.

65-Carlos Alberto Oliveira.
Crônica: Uma mensagem de paz.
Cidade: Duque de Caxias/RJ.

66-Christian Nunes.
Crônica: A briga do Coqueiro com o Vento.
Cidade: Belém/PA.

67-Clodoaldo Salustiano de Moraes.
Crônica: O tempo da paz.
Cidade: Londrina/PR.

68-Daniel Spíndola Ribeiro.
Crônica: Apenas te peço.
Cidade: Goiânia/GO.

69-Dany Francielle.
Crônica: Uma mensagem de paz.
Cidade: Maringá/PR.

70-Dhiogo José Caetano.
Crônica: Gene do amor.
Cidade: Uruana/GO.

71-Domingos Fabio.
Crônica: Código Morse.
Cidade: Ubatuba/SP.

72-Douglas Veloso.
Crônica: Acabei de chegar.
Cidade: Belo Horizonte/MG.

73-Eduardo Chaves Laurent.
Crônica: Respeito.
Cidade: Porto Alegre/RS.

74-Gabriel Loureiro Amorim.
Crônica: Pare de buscar.
Cidade: Nilópolis/RJ.

75-Gabriela Pereira.
Crônica: Uma mensagem de paz.
Cidade: Foz do Iguaçu/PR.

76-Guacira Maffra.
Crônica: Redescobrindo o sentindo do que é amar.
Cidade: São Paulo/SP.

77-Joaquim Lopes Bispo.
Crônica:Relatório dessacralizado.
Cidade:Odivelas – Portugal.

78-Kelly Shimohiro.
Crônica: Pra quem quer a paz.
Cidade: Londrina/PR.

79-Ludmila Mônaco.
Crônica: Crônica ao Senhor que me entende.
Cidade: São Paulo/SP.

80-Marcelo Maio Coelho.
Crônica: A literatura, a beleza e o sexo oral.
Cidade: Brasília/DF.

81-Marcio Silva.
Crônica: A paz, o avestruz e o buraco de minhoca.
Cidade: Florianópolis/SC.

82-Millena da Costa Inácio.
Crônica: Entre guerra e paz.
Cidade: Cabo Frio/RJ.

83-Neyd Maria.
Crônica: A pomba despertada.
Cidade: Curitiba/PR.

84-Nilson Lattari.
Crônica: Sentir-se amado.
Cidade: Juiz de Fora/MG.

85-Rafaela Machado Longo.
Crônica: Tomates Frescos.
Cidade: Assis/SP.

86-Raffaela Quental.
Crônica: A Raspadinha da Verdade.
Cidade: Rio de Janeiro/RJ.

87-Ricardo Porto.
Crônica: Os Três Elementos.
Cidade: Alvorada/RS.

88-Rogério Ferreira Araujo.
Crônica: A flores da PAZ no meio do caminho.
Cidade: São Gonçalo/RS.

89-Rosalina Maria Vaqueiro.
Crônica: A medida do homem.
Cidade: Sesismbra – Portugal.

90-Rubem Alexandre de Faria.
Crônica: Uma Mensagem de Paz.
Cidade: Pará de Minas/MG.

91-Sonia Regina Rocha.
Crônica: O paraíso é aqui mesmo.
Cidade: Santos/SP.

92-Tony Fonseca.
Crônica: O Beijo Molhado.
Cidade: Cabo Frio/RJ.

93-Vinicius Alfredo.
Crônica: Pela Paz.
Cidade: Itápolis/SP.

94-Pedro Diniz de Araújo Franco.
Crônica: Ande direito.
Cidade: Rio de Janeiro/RJ.

95-Atos Paulo R. Silva.
Crônica: Paz aos povos.
Cidade: Goiânia/GO.

96-Ruben Araújo.
Crônica: Guerrear pela Paz.
Cidade: São José dos Campos/SP.

97-José de Sousa Magalhães.
Crônica: O gato que mudou dois velhos.
Cidade: Piracuruca/PI.

98-Matheus Külzer Acosta.
Crônica: Vá em frente.
Cidade: Santa Rosa/RS.


*Observação: A listagem não é a colocação dos inscritos. Apenas os seis primeiros seguem a ordem de colocação no Prêmio.