RADIOTELEGRAFIA
A radiotelegrafia é definida como
a telegrafia sem fio pela qual são transmitidas mensagens através do espaço por
meio de ondas eletromagnéticas. Este tipo de comunicação tornou-se possível por
meio da atuação do radiotelegrafista.
Ele é o profissional que opera
uma estação de radiocomunicações e trafega informações por esta, na forma de
dados, de radiotelefonia, de telemática e de radiotelegrafia (Código Morse) por
meio de ondas rádio-elétricas (RF). O operador encarrega-se da comunicação de
entrada e saída em uma estação de radiocomunicações marítima, aérea ou
costeira. Alguns radiotelegrafistas famosos foram Thomas Edison - inventor da
lâmpada elétrica e fonógrafo - e Juscelino Kubitschek - Ex-Presidente da
República Federativa do Brasil.
A esta forma de comunicação possui vínculos importantes com
as instituições militares, um exemplo deste processo é o fato da Marinha de
Guerra brasileira ser pioneira no uso desta prática comunicativa permanente.
PRECURSORES
Para que houvesse o surgimento da
comunicação de mensagens por meio de ondas eletromagnéticas sem a utilização de
fios, foram necessárias amplas contribuições antes da invenção de Marconi.
Apontam-se alguns cientistas que trabalharam neste campo e possibilitaram a
criação da radiotelegrafia.
Benjamin Franklin, em 1753,
propõe a possibilidade de usar a eletricidade para a transmissão de mensagens à
distância. Este princípio foi utilizado posteriormente para a criação do
telégrafo e do telefone. Por meio dos estudos desenvolvidos por Samuel Morse,
William Fothergill Cooke e Charles Wheatstone, inventa-se o telégrafo que
utiliza os princípios do eletromagnetismo para a transmissão de informações
entre espaços geográficos consideráveis.
Em 1876, Alexander Graham Bell
ganha a patente de um aparelho que realiza a conversão das vibrações da voz
humana em som. Em 1887, o físico alemão Heinrich Rudolf Hertz corrobora uma
teoria proposta em 1863, por James K. Maxwell e desenvolve o conceito de ondas
radiofônicas, também conhecidas como ondas hertzianas. Na década seguinte,
Europa e Brasil abrigam estudos que resultam na criação da radiotelegrafia. No
continente, Guglielmo Marconi trabalhava em demonstrações do método de
transmissão de informações sonoras e voz por telegrafia sem fios desde 1896.
Neste ano, alcança sucesso com a radiotelegrafia e consegue a patente do
invento.
No Brasil, o padre Landell de
Moura iniciou as primeiras experiências de transmissão de sons por meio de
ondas eletromagnéticas entre os anos de 1893 e 1894 realizando uma experiência
de transmissão entre a Avenida Paulista e o Alto Sant Ana. Entretanto,
não há registros (matérias de
jornais ou documentos oficiais) que comprovam a realização desta demonstração.
Em 1900, o cientista realiza mais uma demonstração em São Paulo. Sobre esta há
registros. Eles comprovam, inclusive, a presença de Sr. Lupton, representante
do Governo Britânico no Brasil, durante o evento.
Landell obtém patente do modelo
de radiotelegrafia que inventou depois de Marconi e como consequência perde o
crédito de ser o inventor oficial. O padre inventor é considerado o “Patrono
dos Radioamadores Brasileiros”. Na verdade, foi o primeiro radioamar brasileiro
em telefonia e fonia.
Em 1910, a partir dos
princípios técnicos apontados por Moura, a antiga Repartição Geral dos
Telégrafos - RGT iniciou a formação da primeira rede radiotelegráfica por
centelhamento. A instituição possuía oito estações atuando na costa brasileira,
de norte a sul. A organização brasileira é a primeira rede radiotelegráfica
realizada em terra e a pioneira da América do Sul.
CÓDIGO INTERNACIONAL Q
Adotado pelas Forças Armadas, o
Código Q trata-se de uma coleção padronizada de três letras, todas começando
com a letra “Q”. A princípio, ele foi desenvolvido para comunicação radiotelegráfica,
porém com o passar dos anos, outros serviços de rádio passaram a utilizá-lo.
Apesar de os códigos Q terem sido criados quando o rádio usava apenas o Código
Morse, eles continuaram a ser empregados depois da introdução das transmissões
por voz.
O original Código Q foi criado em
1909 pelo governo britânico, como uma “lista de abreviações” preparadas para o
uso dos navios britânicos e estações costeiras licenciadas pela Agência Postal
Geral. Esse código facilitou a comunicação entre operadores de rádios marítimos
que falam línguas diferentes, por isso sua rápida adoção internacionalmente.
Um total de quarenta e cinco
códigos Q aparecem na “lista de abreviações usadas na radiocomunicação”, que
foi incluída no serviço de regulamentação anexo à Terceira Convenção
Internacional de Radiotelegrafia. A convenção aconteceu em Londres e foi
assinada em 5 de julho de 1912, tornando-se efetiva em 1 de julho de 1913.
Os códigos Q compreendidos entre
QAA-QNZ são reservados para uso aeronáutico; QOA-QOZ para uso marítimo; QRA-QUZ
para todos os serviços.
Exemplos:
QAP - está na escuta?
QRA - qual o nome do operador?
QAM - qual a condição
meteorológica?
CÓDIGO MORSE
Código Morse é um sistema de
representação de letras, números e sinais de pontuação através de um sinal
codificado.
O Código Morse pode ser
transmitido de muitas maneiras: originalmente como pulso elétrico através de
uma rede telegráfica, mas também como tom de áudio, como um sinal de rádio com
pulsos ou tons curtos e longos, ou como sinal mecânico ou visual (ex.: sinal de
luz) usando ferramentas como lâmpadas de Aldis e heliógrafos. Porque o Código
Morse é transmitido usando apenas dois estados - ligado e desligado - é uma
estranha forma de código digital.
Na codificação internacional, o
Morse é composto de seis elementos: sinal curto, ponto ou ‘dit’ (·); sinal
longo, traço ou ‘dah’ (-); intervalo entre caracteres (entre pontos e traços);
intervalo curto (entre letras); intervalo médio (entre palavras); intervalo
longo (entre frases).
Fonte:
NETO, Luiz. Reescrevendo a
história da radiotelegrafia e da radiofonia (primórdios)
Linha do tempo na evolução das
Telecomunicações em seus primeiros tempos.
(Intervalo considerado
1831-1900).
SANTOS, César Augusto dos.
Landell De Moura ou Marconi, quem é o pioneiro? Trabalho apresentado no Núcleo
de Mídia Sonora, XXVI Congresso Anual em Ciência da Comunicação, Belo
Horizonte/MG, 02 a
06 de setembro de 2003.
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