5-Flavio Machado.
Data de nascimento: 04 de fevereiro de 1959.
Cidade que representa: Cabo Frio-RJ.
Crônica:
Crônica em estado crônico ou Uma carta ao Carteiro.
Pseudônimo: Dersu Uzala.
Pontuação: 256.
Crônica em estado crônico ou Uma carta ao
Carteiro
O
assunto surgiu quando visitando um “mega store”, descobri um livro de Glauber
Rocha em promoção, que reúne, presumo, toda a sua correspondência, são cartas
recebidas e enviadas para cineastas, críticos e amigos.
O fato de ser um
livro de Glauber em promoção animou, eu tenho alguns livros do cineasta, o
melhor, ou que mais me interessava, emprestei e desapareceu, e não lembro para
quem. O preço era de final de feira, R$ 9,90, tinha uma pilha, levando - me a
acreditar que tenha encalhado.
Com base no livro
pergunto: Qual será o futuro da correspondência literária? As cartas trocadas
entre escritores, ainda resistem? Será que alguém manda correspondência nas
vias normais? Com a rapidez do correio eletrônico (para não usar a palavra
e-mail), temo que se dilua, o computador transforma as correspondências, em
algo informal e efêmero. Haverá alguma forma de publicar essas
correspondências?
Vários
livros foram publicados com a transcrição de correspondência trocada entre
escritores, não apenas no Brasil, como em outros países. E agora com esse mundo
virtual, será possível que daqui a alguns anos serão publicados livros com a
correspondência desta época? Poderão surgir outras formas de mídia? O livro
será digital, um cd –rom, com toda as “cartas” trocadas pelos contemporâneos
escritores.
E
os carteiros o que será da profissão ? Quase não os vemos mais pelos
bairros,uniformizados, bolsa a tira colo, distribuindo as correspondências,
conhecendo as pessoas pelo nome e endereço. Serão meros entregadores de boletos
bancários? Em segundo plano, e deixarão
para sempre a função de portadores das boas e más notícias, da correspondência
entre literatos, como seria o carteiro que entregava a correspondência de
Manuel Bandeira ? Ou o que entregava a correspondência de Mario de Andrade? Ou
mesmo de Glauber Rocha?
Recebi
uma carta recentemente, manuscrita com letras grandes, desenhadas, de Jacione
Freitas, que é um poeta (alguns diriam poetisa), mora em Mãe do Rio no Pará.
Escreveu – me para agradecer e ao mesmo tempo presentear - me com dois
exemplares do livro que publicou. Havia muitos anos, desde a década de 80, que
não recebia carta de algum escritor.
Nestes
tempos virtuais, qual será o destino dos e-mails (acabo por me render)? Serão
deletados? Armazenados em alguma pasta eletrônica de back up ? Não sei a
resposta, e provavelmente não haverá mais livros com cartas entre escritores,
talvez outra forma eletrônica.
Um
sintoma de como está sendo tratado o assunto, ou do pouco interesse, por este
tipo de literatura, é o fato do livro de Glauber Rocha, ter encalhado, ser
vendido por preço promocional. Pelo que observei do livro, trata-se de relato
de uma época, além de valor literário, tem o histórico, mostrando o pensamento
de algumas gerações de cineastas brasileiros e estrangeiros.
Espanta, portanto ter
encalhado, será apenas desinteresse das pessoas? Prefiro supor, no entanto, que
o livro foi mal divulgado, não tendo o destaque que merecia. Afinal resgata o
pensamento de um dos mais geniais diretores de cinema do mundo.
Pseudônimo: Dersu
Uzala.
Nenhum comentário:
Postar um comentário