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lugar:
Roque Aloísio Weschenfelder.
Crônica: O Voo da Quimera.
Cidade: Santa Rosa/RS.
Pontuação: 466.
O VOO DA QUIMERA
Voar pelo espaço
levando as ideias que a mente cria, uma profusão sem igual, quando a natureza
dotou o ser com a capacidade de ser fértil no pensar, é a máxima que as asas da
liberdade podem propiciar.
A alma sonha com
paisagens paradisíacas, de onde Deus não precisaria ter tirado o ser humano, se
ele não sonhasse em comer o fruto proibido, mostrado pelo agente que o maléfico
enviou para provocar a sedução.
Esta mesma alma,
agora, anseia, quer fazer seu invólucro voar, porém este, no máximo consegue
fazer uma corridinha para logo ali. Sorte que a mente não foi limitada a uma
mera corridinha também!
As asas da
liberdade, essa liberdade tanto cerceada por mil regras impostas por poderes assumidos
ou delegados, permitem ludibriar os impositivos e fazem voar: o poeta com asas
de versos em corpo de estrofes; o desenhista com asas de pincéis e tintas,
criando figuras e pintando as cenas que deseja; o filósofo com as asas de
teorias imaginadas sobre o ser e o não ser; o crente com as asas da religião
que o levam a criar seu Deus e todos os profetas a quem dá asas para levas boas
novas pelo mundo afora; e as crianças com as asas do faz de conta que as
carrega pela imaginação.
Na crônica da crônica
vida de um mundo em que é difícil viver livre de perigos, urge voar com asas da
liberdade de pensar e proclamar o pensamento aos cantos de toda a circular
esfera habitada para clamar que cessem as disputas e as guerras, que pare o uso
de drogas cortadoras da saúde corporal e mental,que se pregue o amor e se
alerte contra todo o ódio possível.
Livre vida só
existe com respeito ao livre pensar de todas as pessoas. Enquanto houver quem
tolhe a liberdade de expressão, ou existir quem usa a liberdade para prejudicar
a ética e a moral, a vida em sociedade será sempre repleta de agruras de
convivência. Todos têm o direito às asas com que possam voar rumo a seus
anseios, desde que ninguém queira ocupar o espaço necessário para todos os
outros seres também voarem livremente.
Em cada voo pelos
ares poéticas da natureza, onde a alma encontra alívio e paz; em cada voo sobre
os mares do amor, onde o coração se enche de esperança; em cada voo pelos ares
da saudade, onde o reencontro já não seja possível, mas as lembranças boas se
tornam visíveis outra vez; esses voos da quimera são bálsamos para a vida, e
nenhuma prisão poda as asas do voo em liberdade.
Voos.
Asas.
Liberdade.
Palavras.
É possível o voo
porque existem asas livres, asas leves, asas soltas e, ao mesmo tempo, asas
ligadas ao corpo do pensamento que respeita os limites do espaço do outro, mas
ruma em direção aos objetivos que traça para uma vida melhor.
Asas levam, asas
fazem planar, asas libertam da prisão ao chão.
Liberdade, quatro
sílabas almejadas por tantos que estão presos aos próprios preconceitos.
Palavras, a
liberdade que cria asas para voos pela literatura.
Na crônica dos
crônicos dias atuais, liberar as palavras é dar asas aos sonhos que ainda não
foram sonhados, é permitir que opiniões possam ser expressas com direito ao
ponto e ao contraponto, é mostrar como a única prisão é a opinião manipulada
pelos chavões e clichês, pelas ameaças.
A mente tem asas de
liberdade, mas muitas pessoas sequer sabem do que poderiam ser capazes se realmente
conseguissem usá-las para voar além da cerca que criam em torno de si próprios.
Para além de Bagdá,
para além dos polos, para além de tudo já descoberto, para além de todos os
pensamentos mais avançados levam as asas da liberdade. Pena que tanto ser
humano ainda não descobriu essa força e se priva do direito de voar.
(Pseudônimo: Cancela Aberta)
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